quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Relacionamentos iguais ao jogo de Tênis e Frescobol

"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: há os casamentos do tipo Tênis e há os casamentos do tipo Frescobol.

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam mal. Os casamentos do tipo Frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico-me.
 
Para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta:
"Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?"
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Sherezade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O Império dos
Sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, Sherezade o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da
eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras.

E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes. Fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo:

"Eu te amo". Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, eu te amo não quer dizer mais nada". É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica é a alma".

Tênis é um jogo feroz. O objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: O outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada. Palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.


Frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá....

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão.. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres ao vento. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim..."


por Rubem Alves - educador, escritor, psicanalista e professor emérito da Unicamp.


Reflexão Pessoal:

Eu quero muitas bolhinhas de sabão tuas...forever <3<3<3


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alterar estados emocionais...






"A Psicoterapia tem como finalidade última, no seu sentido mais prático, a mudança.

Mas quando falamos de mudança esta não é simplesmente a exterior. Quando uma pessoa está com um bloqueio na sua vida, um problema, seja ele de que ordem for, geralmente já ouviu mil conselhos de pessoas a dizerem “Muda!”, “Parte para outra!”, “Tens que esquecer isso!”, “Águas passadas não movem moinhos!”, “Prá frente é que é o caminho!”, “Tens de ser forte!”, “Pensa positivo!”, e.t.c ...

Mas mudar não é assim tão fácil... Se fosse não seria necessário muito do trabalho psicoterapêutico. A mudança exterior não deve ser feita de forma impulsiva e descontextualizada, mas deve sim obedecer a uma inicial e fundamental consciencialização interior. Primeiro é fundamental sabermos onde estamos para percebermos para onde queremos ir...

Mudar interiormente significa mergulhar e sentir os nossos estados emocionais, vivenciá-los, habitá-los, conhecê-los, aceitá-los, ouvi-los. Mudar significa perceber interiormente as emoções que não estão a ser vividas, que estão a ser mascaradas por outras, impedindo a harmonia e o fluir emocional, provocando bloqueios, estados de ansiedade, estados depressivos, revoltas, agressividades, manfestações somáticas e outros problemas.

É portanto fundamental chegar às emoções e trabalhar estados emocionais.

Ora o Psicólogo Clínico é justamente esse especialista no trabalho emocional. O conforto, a intimidade e a cumplicidade de um consultório de psicologia são factores fundamentais para a livre expressão e desbloqueio de estados emocionais.
Os nossos amigos, por muito amigos que sejam não têm ferramentas nem conhecimentos, para compreender a complexa dinâmica emocional que está por detrás de qualquer pessoa, de qualquer discurso, de qualquer gesto, expressão corporal, olhar.
Por tal motivo se deve fazer Psicoterapia, para chegar às emoções com um especialista da mudança interior e consequentemente exterior e esse especialista é o Psicólogo Clínico."

Para mim uma grande ajuda para conseguirmos a mudança é fazendo coaching. Mais do que qualquer psicoterapeuta, o coach (treinador, numa tradução à letra) encoraja e/ou motiva o seu cliente/amigo, procurando transmitir-lhe capacidades ou técnicas que melhorem as suas capacidades profissionais ou pessoais, visando a satisfação de objectivos definidos por ambos, considerando idéias como a de que o simples facto de compartilhar pensamentos/idéias que estão soltos e poder organizá-los, transformando numa meta desafiante com num Plano de Acção pode levar a concretizar projectos, objectivos e  sonhos.

Durante o processo de coaching, o foco está no presente e no futuro, Ponto A (onde estamos) e Ponto B (para onde queremos ir) e o coach trabalhará para manter o coachee em ação para que, no final, ele realize tudo ao que se propôs.

No fundo o coach vai apoiar / guiar o coachee a actingir e até a superar todos os objectivos a que se propõs de uma forma eficaz e satisfatória, sem que este se sinta desmotivado/"cansado" a "meio do percurso".

Acabando este post tal como comecei, alterando apenas uma palavra: Coaching "tem como finalidade última, no seu sentido mais prático, a mudança."

Aceite, Arrisque, mude e seja feliz!