sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Perdoar


"Aprender a perdoar é perseverar num treino mental. É um grande e difícil passo. É tirar alguma coisa que incomoda, que nós fizemos ou que fizeram para nós.

A vida pode ser comparada a uma mochila que contém tudo o que realizamos. Se não treinamos o perdoar, este saco de viagem vai ficando cada vez mais pesado. É necessário buscar a habilidade mental de constantemente fazer uma reorganização desta Mochila da Vida. Denodadamente ir organizando-a de tal forma a aliviar seu peso e tornar a vida mais leve. Não colocar dentro dela ressentimentos, desgostos, raiva ou decepções. Em hipótese alguma e sob nenhum pretexto. Isto culminará na obtenção de facilidades na caminhada, nas constantes subida e descida das rampas de dificuldades com que somos confrontados.
  
Temos o direito de sermos felizes, e para isto, devemos começar por perdoar a nós mesmos, elevar nossa auto-estima. "Seria muito mais produtivo se as pessoas procurassem compreender seus pretensos inimigos. Aprender a perdoar é muito mais proveitoso do que simplesmente tomar de uma pedra e arremessá-la contra o objecto de sua ira. Quanto maior a provocação, maior a vantagem do perdão. É quando padecemos os piores infortúnios que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem, a si e aos outros." (Dalai Lama Tenzin Gyatso) líder espiritual tibetano.

É fácil perdoar alguém que nos prejudicou? Não, não é! Quando temos necessidade de perdoar alguém, esta acção é resultado de fatos, de alguma expectativa nossa que não foi alcançada. Qual expectativa? Por exemplo: que o outro faça ou seja alguma coisa; que deixe de usar algo; etc. Quer dizer, quando os outros fazem algo que quebra nossa expectativa, ficamos esperando que eles nos peçam perdão. O raciocínio mais comum é: o problema é do outro e não meu. E devido a isto, ficamos com raiva dos outros. Ficamos na expectativa que os outros nos peçam perdão, e estes não o fazem, e assim, numa sequência de frustrações, nossa ira vai aumentando cada vez mais. A Mochila da Vida vai nos pressionando contra o chão. Procurar levar a vida com outro nível de expectativa nos leva a perdoar. Primeiro a nós mesmos, depois ao próximo. "O perdão cai como uma chuva suave do céu na terra. É duas vezes bendito: bendito ao que dá e bendito ao que recebe." (William Shakespeare) dramaturgo e poeta inglês. E não devemos deixar que o outro nos atinja. Somos nós mesmos que permitimos que o outro nos acerte, e somos nós mesmos que colocamos mais peso dentro da nossa Mochila da Vida. O próximo não tem nada com nossa frustração. É algo particular de cada um. Como então ficar aborrecido, se não temos como controlar um processo que é único e exclusivo resultado do livre arbítrio do próximo? Somos nós que aceitamos colocar às nossas costas o peso da frustração que alguém, intencionalmente ou não, impingiu. - Você é a razão da minha felicidade - Como é possível expressar tal sandice? Isto é algo que leva fatalmente ao desenvolvimento de ressentimentos e raiva.

A necessidade de perdoar vem do outro nem sempre fazer o que esperamos. E a conclusão a que se chega deste raciocínio é que amar está mais para doar que para esperar. Outra razão frequente de perdão vem de uma pessoa que não tem tempo equilibrado em coisas distintas. Fatalmente terá muitos momentos de decepção se não procurar equilibrar seu tempo para todos os aspectos da vida.

Para poder perdoar e esquecer o que contribui muito são: boa saúde; alimentação correcta; relaxamento; meditação; pensamento positivo e exercícios físicos. Problemas de relações interpessoais são cinco porcento reais e noventa e cinco porcento o que fazemos deles. Deve-se analisar as possibilidades, o nível de expectativa real, sem fantasias. Isto diminui as frustrações. E como as frustrações geram culpa, ao perdoarmos a nós próprios aliviamos o peso da nossa Mochila da Vida. E só então, devidamente fortalecidos, temos reais possibilidades de perdoar aos ofensores, àqueles que quebraram nossas expectativas. Com isto temos a energia emocional de aceitar aos outros como eles são, sem a obrigação de aceitar o mal que fazem ou a maneira como se comportam.

Como não temos meios de controlar as acções de terceiros, também não somos obrigados a nos tornarmos coniventes com o indesejado. Aceitar seria ferir nosso direito à felicidade e prejudica nossa saúde. "A doença alimenta-se da falta de perdão. O perdão não tem nada a ver com aceitar um mau comportamento. A pessoa que você acha mais difícil de perdoar em geral é aquela da qual você mais precisa se libertar. Eu descobri que perdoar e em seguida deixar partir o ressentimento são atitudes que ajudam a curar até mesmo o câncer." (Louise L. Hay) consultora, professora e conferencista norte-americana. E como nunca faremos os outros mudarem, então a mudança deve vir de nós mesmos. E normalmente, como são os mais próximos que nos ofendem, então resta apenas colocar limites. Ao mudarmos nosso relacionamento com estas pessoas, elas mudam com certeza. De alguma forma, sempre se obtém resultados positivos ao aliviar nossa Mochila da Vida. Porque "O fraco jamais perdoa: o perdão é característica do forte." (Mahatma Gandhi) advogado indiano. E o forte tem sua Mochila da Vida sempre aliviada, tão leve que, não existisse a gravidade, poderia até voar. 


Perdo-e a si próprio tudo aquilo de que se arrepende de ter feito; por não tere conseguido aquilo que desejava. O perdão a si próprio tonifica a sua alma, afasta para muito longe o fantasma da culpa e da vergonha. Depois de aprender a perdoar os próprios erros, nascerá em si a capacidade de perdoar os outros.

Tem todo o direito de se sentir triste, ressentido e magoado, ao ser traído por alguém. Compreenda, aceite e expresse os seus sentimentos. Verá que se os esconder de si mesmo eles acabarão por se manifestar noutro lugar e noutra altura.

"Os inimigos que não perdoamos dormirão em nossa cama e perturbarão o nosso sono". (Augusto Cury)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.